Ambulações.
Não caminho na simples procura de verdades,
Destes mistérios que só o tempo nos deixa ver,
Que estão dispersos em parábolas noutras realidades
E nos sutis desejares de cada novo alvorecer,
Não esquadrinho padrões ingênuos de moralidade,
Atrelados noutra estação criada no momento de “amar”.
Modelos variados de bravura instituídos pela sociedade,
Sem dar tempo ao tempo para uma parte dele poder doar,
Não diviso acontecimentos rotineiros sem consistência,
Entorpecido e esquecido no aturdido do prazer irreal,
Não experimento palavras sem saber sua transparência,
Só embriago-me com elas na agitação do deleite natural,
Não busco no denso do caminho algum confluente,
Nem braços abertos acalentando a ternura sem alarme,
Ou mesmo o sentimento inquieto em movimento ardente,
Tornando-o mais simples e mais puro só por seu charme,
Sonho sempre nos intervalos de cada anoitecer,
Tenho dúvidas transformadas em sadios deveres,
A vida presa a uma outra... sereno neste proceder,
No horizonte os iniciais vestígios destes procederes,
Viajo pela vida na investigação de infinitos fatos,
Que sejam eventos na literatura palpável,
Que me separem da presunção e de seus correlatos,
Dos falsos aspectos e tudo mais que for questionável,
Pois não peregrino só na análise de ocorrências,
Nascentes que os momentos nos deixam de herança,
Que se encontram juntas noutras biografias e coexistências,
E nos anseios tendo o afeto como lembrança,
Caminho através das estações sem data, mas, com calma,
Passos com distinção blindada, sem nenhuma analogia,
Onde começa a fé, o ajustamento no reflexo da alma,
Na aura suave adornando meu passeio de cada novo dia!