Saudades da Julie

Sua amizade não tinha complicações;era pura e explícita. Só pediria um pedacinho qualquer do que eu comesse,um gole do que eu bebesse,um lugarzinho na minha cama(no meu travesseiro,de preferência),e no meu sofá branco (não consentido). Portas fechadas? nunca mais queria-as escancaradas para sua observação constante.Amigos chegando perto? Abraçando? Nem pensar! A minha saída para o trabalho era préviamente bloqueada aninhando-se em minhas roupas e me olhando desafiadoramente:

__ Tire-as daqui,se quer sair!!

Tinha mais pudores que gente; não gostava que a vissem fazer xixi ou cocô. Gostava de sol,de correr livre na grama,de beber água na concha da minha mão,de som ligado, de TV,de conversa em família, de escutar passarinho,de seguir borboleta.

Estaria aqui,aninhada a meus pés ;mas não está. Fiquei mais só!

__ Aquela cachorrinha abusada que pensava ser gente, partiu.

Deve estar em algum paraíso onde todos os ossinhos de frango,chinelos,revistas (novas)e pizzas roubadas sejam permitidas.

Um lugar a que só tenham acesso as almas leais,puras, dignas e guerreiras como a dela. Um lugar para onde retornem os serezinhos que tenham cumprido galhardamente a sua missão.

Uma presença que talvez , nós,pobres seres humanos em evolução nem tenhamos merecido.

Adozinda aguiar

Adozinda Aguiar
Enviado por Adozinda Aguiar em 04/07/2010
Código do texto: T2357127
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