OUTRO DIA, OUTRAS LIÇÕES

E os loucos resistentes não abandonaram a praça

Bradam aos transeuntes e nos andares suas falas

Não se cansam de reproduzirem os já ditos

Índices e explorações tais por ninguém negadas.

Os que à praça passam ouvem e ensaiam concordância

Os dos andares nada podem

Estão submersos nas folhas empoeiradas dos autos

E empoeiram seus pulmões e o ar falta à consciência.

No cubículo cartorário amalgamam-se pessoas e volumes

E a cerelidade tão difundida nos meios disponíveis e sempre a postos

Lêem-se ficção como uma verdade absoluta

E a solução sentenciada não agrada o postulante

Porque em terra de diferenças diferentes justiças se fazem.

E os loucos resistentes não abandonam a praça

Incomodam os acomodados e complacentes colaboradores

Que por míseros vinténs se calam

E já não são donos nem das próprias vontades e decisões

E como escravos acorrentados ao senhor estão.

E os loucos resistentes não abandonam a praça

Incansáveis nas falas e em repetidas vezes

Encontram ouvidos dispostos e atentos

Porque sabem que ao se calarem nada mudará.

E a luta que transcendera o índice

Incorporou temas preventivamente ignorados

E os do castelo que não gostam da pedra as suas vidraças

Impõe sanções que denunciam somente sua arrogância.

E os loucos resistentes não abandonam a praça

Porque sabem que se abandonarem a arena da luta

Venceram os doutos e seus colaboradores

E diferentes justiças continuarão sentenciadas

E outras gerações terão que ocupar a praça.