Quando de mim sou ausente...

Quando de mim sou ausente...

Ando naqueles dias de repartimento,

Repartir.

Quando há algo na engrenagem que se amiúda dentro de você, e vai repartindo, repartindo, remoendo,mastigando, lacerando...

Esfacelar.

Algo que parte e espedaça,

Desalenta.

Ando acabrunhada de mim.

Um não sei que de revoltosa maresia,

Se um barco, a esmo, quase a naufragar...

Se naufrago, a mitigar a solidão...

Há um desassossego descomunal,

Um revolver de entranhas.

Turbação.

Há em mim,

Um murmúrio repetido que é quase ensurdecedor...

Ando naqueles dias de contar letras que se separam,

Quando consoantes rejeitam veementemente as vogais,

Dias sem pontos nem vírgulas.

De textos sem parágrafos, inteiros, longos e arfantes...

Ando sem verso e sem prosa

Dias de poesia espremida.

Dias de torcer a palavra.

E retorcer,

E distorcer.

Dias que sugam a sorte.

Cercados de desertos.

Incertos.

Ando sem rumo,

Surda no que me é falta de cor e calor.

Cega,

Quando o silêncio é açoite e abandono...

Dias assim...

Apartados,

Ando assim,

Ausente de mim...

Roseane Namastê
Enviado por Roseane Namastê em 30/06/2010
Código do texto: T2350352
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