Eternamente eu me procuro, me busco como se precisasse me achar para ser. Uma necessidade de me sentir sólida, viva, mas continuo aquosa, líquida como lágrimas, banhando rostos, me banhando.
Desço montanhas, invado pessoas, molho por onde passo.
Às vezes salgada, outras, doce. Por vezes, broto em fontes, em outras arrasto tudo e todos. Irrigo o alimento que me alimenta. Sou límpida, mas, posso ser lamenta...quase sólida, aí lamento. Me arrasto, me derramo, mas, não me acho. E, nessa eterna procura de mim mesma, sigo meu curso, só. Como leito, o leito seco, ou até um rosto que não me vê, só sente.
Mas, continuo meu percurso na esperança de um dia estancar, ou talvez, me solidificar. Virar rocha. Ou talvez, quem sabe, encontrar um ribeirão que me acolha, um regato que me adote, para que eu pare de escorrer vida afora...escorrer...escorrer...e nunca me encontrar.