Não há fuga

Acho que eu queria te esquecer por um dia

Acho que eu queria que a vida parasse para fazer uns ajustes necessários.

Acho que eu gostaria poder suprimir alguns dias que não foram tão bons assim.

Mas a vida não para, amor.

A vida é um contínuo.

E dentro deste contínuo surgiu meu amor por você.

O teu amor por mim.

E uns dias tornaram-se a própria fé.

E outros tornaram-se a descrença do que eu julgo sentir.

E os dias caminham assim: redemoinhos de emoções a girar dentro de mim.

Amorzinho, em todas as vezes que te amei nestes meses que são só nossos, senti a verdade do meu sentimento por você.

Amorzinho, em muitas das vezes que te amei nestes meses, senti o meu medo falando dentro de mim.

Amor, nestes meses, às vezes, senti um talvez, um quem sabe, um não sei...

O sentimento clamando por coisas que eu não posso dar.

Mas, amor, eu nunca vivi isto.

Nunca vivi um amor que me tivesse tanto quanto me tem o meu amor por você.

Isto me encanta e me espanta.

Amor, eu queria parar a vida para ver isto de perto.

Amorzinho, eu queria parar quem sou.

Eu queria saber quem sou ao certo.

Eu queria que o cara do espelho olhasse pra mim e dissesse: isto é você.

Mas o cara do espelho vira pra mim e me diz: conhece-te a ti mesmo.

E eu já mergulhei tão profundo.

Já visitei alguns mundos de onde pensei não sair.

Queria ver o fundo do poço.

Não, não queria ver o fundo do poço.

Acho que já estive próximo e me senti impotente.

Queria ver o limite dos céus.

Não, não queria ver os limites dos céus.

Acho que já estive próximo e me senti mais capaz do que realmente sou.

Às vezes acho que a vida é uma sucessão de piadas.

Em outras acho que a vida é um sucessão de tragédias.

Mas, acho ainda, que entre o cômico e o trágico há "n" nuances de sentimentos, de possibilidades.

E é nestas nuances aonde eu quero viver.

E é nestas nuances aonde eu quero te amar

É nestas nuances que eu quero viver a vida com você.

A vida não para, amor, pra gente ajeitar a bagagem.

A vida vem e devora.

A vida vem e, a princípio, dispõe.

Depois ela vem e impõe e já não há mais margem para o não

A vida é professora doce e severa.

A vida pode ser bela.

A vida pode ser fera.

E entre o amor e a dor.

Entre o pensar e o sentir.

A vida vem e me encerra.

E eu não posso fugir.

Não há fuga, amor, não há fuga!