Tudo que não sei
Há muito tempo eu não me sentia tão só.
Tão triste.
As palavras são inúteis para explicitar o que sinto.
Mero grafismos.
Tudo letra morta.
A minha voz é insuficiente para dizer o que sinto.
O que sinto é indizível.
Tudo contido no silêncio que me cala a boca.
Um silêncio longo, cheio de imagens, cheio de personas.
Minha alma tenta traduzir o que não sei dizer.
E o que não sei dizer é tanto.
E o que não sei dizer me fere.
E o que não sei dizer é tudo o que eu já vivi.
Quem há de me dissecar a alma?
Quem há de ver a sombra para além do mistério?
Who see the dark side of the moon?
Minha alma me assombra.
Fala de coisas que eu não vivi.
Fala de amores que eu não amei.
Fala de uma saudade, de lugares que não conheci.
Fala de um tempo que vai além do tempo das estrelas.
Fala de vidas para eu recordar.
Fala de um sentido que eu preciso encontrar.
Tudo o que sou/fui é poeira cósmica.
Suposições.
Hipóteses.
Conjecturas.
E meu coração se enternece diante de tudo o que eu não sei.
Meu coração se alucina na busca por mim mesmo.
E me diz que tudo tem seu tempo.
Tudo está ligado a tudo.
Somos uma cadeia de células no corpo do Universo.
E o meu tempo talvez não seja o seu.
E quando os meus olhos chorarem pela comoção de haver descoberto mais um milímetro do que realmente sou, minha alma andará um milímetro na minha direção.
E se desnudará mais um milímetro para a minha compreensão.
Hoje, tudo o que sinto, tudo o que calo, tudo o que não sei, tem o teu nome: Amor