Talvez

Descobri que o mundo não passa de um conjugado de erros.

Erros, tentações, traições feitas ou por fazer.

É um conjunto de caminhos pecaminosos e mal selecionados, por ingenuidade ou conscientemente, um conjunto suficientemente amplo para nos hospedar a todos, ocultos sob um manto de honradez imposta.

Não há espaço para ser real, para ser fiel a princípios ou a normas que prematuramente determinamos.

No universo, quebramos as nossas próprias regras. Agimos de forma desleal até com nós próprios.

Cedemos às novidades como se nada nos unisse ao que possuímos. Como se não amássemos de modo suficiente o que há muito já era nosso.

Desistimos do que construímos por meros segundos de encantamento, por acontecimentos pontuais, numa atitude imatura e leviana. Mas conhecemos-nos bem...

Ultimamente tenho andado a pensar no que seria do mundo desprovido da vergonha. No que seria de nós desprovidos do "politicamente incorreto", o "socialmente inaceitável", sem a manipuladora vergonha que não nos deixa praticar o que queremos praticar, exatamente no momento em que o praticaríamos se tivéssemos possibilidade.

Como seria tudo se beijássemos alguém a meio de uma conversa, sem razão sequer aviso, pura e simplesmente porque sim, porque desejamos?

Se pudéssemos, a qualquer momento, mudar de país sem malas sequer pertences emocionais, deixando a vida para trás, sem uma data de volta delimitada.

Penso como seria se tivéssemos possibilidade de parar de imaginar tudo o que os outros achariam, abater os efeitos, e fazer o que o coração nos pedisse.

O mundo é só um conjunto de erros, tentações, deslealdades e violações, mas..

Se isto sucedesse, talvez fosse mais feliz.

Melhor, talvez deixasse de estar feliz e passasse a ser feliz.

Tatiane Gorska
Enviado por Tatiane Gorska em 27/06/2010
Código do texto: T2345169
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