Nos dias...
Nos dias de ficar triste, eu sento na grama morna de sol morno que nasceu em um pedaço de terra minha.
Antes de qualquer coisa linda, dou algumas espiadas para os lados, para os cantos do grande pátio e para os contos e encantos que nele nascem.
Observo tomada de paz, o desenho que cada árvore faz na minha mente. É quase um ritual.
Olho, uma a uma, as vidraças da velha casa e sou capaz de saber quantos grãos de areia movidos pela maresia moram em cada uma delas.
Depois de analisar as coisas vivas, passo a analisar as coisas mortas e é nesse ponto da história que faço de conta que elas têm asas e empresto-lhes a vida.
Então é tanta pedra me chamando para confidenciar amores, cadeiras marchando enfileiradas em continências contínuas, que nem sei...
Tijolos bem resolvidos, resolutos, fazendo muros cansados de dividir.
São vasos dançantes, lajotas sensíveis, prendedores e dores no varal. Limo aos montes se alastrando, tomando espaços de flores e cada vez mais. Todos querendo falar.
Nessas alturas, a grama morna de sol morno, já virou grama quente de sol quente e fica difícil escapar.
A rede de sonhar se enreda, o gancho engancha na madeira...Ah! Me fiz lembrar! E quando aquela madeirama bonita se põe a brincar de renascer?
Renasce feito Pau-D’água que sobe e na subida fica reto, tão sozinho e tão triunfante, que me vem de mansinho uma inveja, ainda que picurruchinha, de querer mais do que inventar-lhe um destino, sê-lo.
Não sei se é pelo fato de ver tanta coisa virar gente, mas conforme a tarde vai abortando, me chega uma dúvida daquelas grandes: Será que o leitor quer que eu diga sobre a grama fria de fim de sol e início de noite?
Depois de pensar bastante decido finalizar apenas dizendo que aquele dia, que era um dos dias de ficar triste, havia passado a ser um dia dos dias de ficar contente.