Coisas e coisas
Na minha vida, aconteceu de repente, essa coisa de gostar das coisas.
Gostava em uma ordem hierárquica, das suas cores, dos seus cheiros, do tamanho delas e da alegria que tinham.
Não deixava de levar em consideração suas dores, amores, rumores e tumores também.
Antes de gostá-las, eu as observava, de perto e de longe eu as olhava, pensava e antes de concluir dava mais uma espiada. Aí decidia, dizendo se aquela ia ou não ia para junto das escolhidas.
Dei em encontrá-las por todo o lado, no presente e no passado. Com isso, elas foram, pouco à pouco, até mesmo as tristes, se tornando as minhas alegrias.
Se pensasse mais profundo, vinha coisa que não era coisa, mas ainda assim era muito minha: Se tratava de vontades, esperanças, confissões, segredos, luares e olhares. Vinha até uma musiquinha que dizia sobre um ratinho que namorava uma ratinha.
Conforme o gostar aumentava, aparecia de tudo: Um trevo de quatro folhas e folhas (que podiam ser do trevo, de janela ou de papel).
Pão de meio quilo com margarina, Eskibon dentro das tardes, Scooby Doo na T.V. e várias abstrações.
Meu Deus! Era tanta coisa que vinha, escaleta, morango, verdade, caixa de entrada vazia, Neruda, as metades e os inteiros, oxigênio, que eu já não sabia se elas me pertenciam.
Batata frita com coca-cola, África e Oceania.
Para ser sincero, vou dizer aqui que vinha uma dorzinha pequena que eu escolhi por se tratar de um antigo amor, um amor encolhidinho feito Brim depois da chuva. Ah! Chuva também.
Uma outra coisa que havia, não tinha nome, era algo que eu sentia quando via a maldade se danar. Não sei explicar o que era, no entanto sei que me tomava muito lugar.
Hoje sei conviver bem com todas as coisas essas: Coisa-coisa, coisa-gente, coisa-sentimento, coisa-fada e até coisa de louco, quando enlouqueço e vejo que tudo, na verdade é a história escrita, cortada e contada em pedacinhos que juntos formam a vida.
Quando o espaço termina e já não cabe em si nem mais uma linha, ocorre uma explosão que também termina e aí vem uma outra coisa, chamada calmaria.
Então eu fecho meus olhos e quer saber o que sinto? Sinto aquela mesma coisa, cujo nome não sei e que mencionei agora a pouco aí em cima. Deixo-a em branco para que possas imaginá-la e nomeá-la como bem quiser.
Quanto ao fim da história, desculpa-me leitor se te desaponto, mas saibas que ela não termina, porque como por encanto começo a escolher coisa por coisa outra vez.
Em: 25/06/2010