Tráfego
Por dentro estava morto. Nada como um dia ruim. Apenas mais uma manhã ruim para certificar a ruindade de todos os outros dias do ano. Existe um dia para o nada. Um dia para a chuva. É frio pensar nas coisas tão quentes de outrora. Estou invernando.
Culpa do trânsito de carros, de pedestres, de amigos de amores de temores de coisas assim impronunciáveis. O amor não é uma dor. Dor é quando a gente dá uma topada com o pé e sente doer e amaldiçoa gerações de pedras. O resto é de passagem. O tempo é simplesmente o contrário do relógio. Todos os dias são ontem. E é justamente essa lembrança ruim que te lembra que nunca serão novas as coisas e por mais que se tente melhorá-las as coisas apenas sempre tendem a destruir a pilhar seus sentimentos e seu coração – em se aceitando que ainda o tenha – fica meio assim-assado.
Se as vidas são de passagem, eu gostaria de descer no próximo ponto.