A PORTA DO INFERNO

Vi A Porta do Inferno. Ouso colocá-la como uma das maravilhas do que eu nem sei se posso chamar de mundo. Não me atrevi a atravessá-la, mas confesso, me foi tentador e não precisei de pena nem fogo ao meu lado a convencer-me de tal. Não senti medo algum, foi como se naquele instante eu tomasse consciência de mim, foi como se só então eu tivesse controle sobre tudo o que regia minha vida.

A passagem para o Inferno se ergueu ante mim, não havia estradas para que se pudesse chegar. Somente A Porta, eu e o Nada. Escolhi o Nada, ainda que acreditasse que o enxofre tem cheiro melhor. Escolhi o Nada, pois não gosto do óbvio. Escolhi o Nada porque sou egoísta.

No inferno há excesso de teorias, mas só o caos reina, desde o Princípio do Iceberg ao fim da matéria. No Nada, nada reina sobre mim.

Na verdade, não há verdade, não há Nada, não há Céu nem Inferno, somente a armadura com que os sonhos nos revestem para que possamos suportar o inferno que não escolhemos viver. Não existem portas a atravessar, antes houvesse, teríamos escolhas. E eu, com certeza, ainda assim, optaria pelo Nada.

Ah... A Porta do Inferno... acreditem, eu vi! Obra de mãos humanas.

>>KCOS<<

Karlla Caroline
Enviado por Karlla Caroline em 24/06/2010
Reeditado em 24/06/2010
Código do texto: T2337954
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.