ERRO COLOSSAL

Talvez só caiba tomar-me a lição de Camões no verso: ”Errei todo o discurso de meus anos”. Talvez tenha tudo apenas sido um Erro Colossal. Erro de pessoa; erro de persona. Erro por vinte anos. Erro de uma irremediável Penélope.

Talvez tenha eu, ao longo de tantos anos, feito a escolha errada, como a de Scarlett O’Hara de “E o Vento Levou”. Ao contrário da personagem, minha lucidez não permite dizer sua fala, esta de Scarlett, na cena final:” Amanhã é um novo dia”. No meu caso, o irremediável irremediável permanecerá.

Em verdade, no cristalino dela, verdade, não posso sequer dizer que o irremediável sempre o será porque, de tudo, nada sempre me restou, nada me resta nem restará além do talvez, do talvez invencível, quiçá do talvez salvador. Afinal, para seres de certezas nenhumas como eu, o único real de toda a vida foi, o tempo todo, este Talvez.

Na manhã de 23 de junho de 2010.