Ofício da Palavra


Hoje o meu domingo acordou ocupado. Arrancada bruscamente do sono para saber o que dizer.

Explico. Escolhi por ofício ser a pessoa que sabe o que dizer... o que dizer a quem pede, o que dizer a quem reclama, o que dizer antes do problema, o que dizer durante o problema, o que dizer no dia seguinte, o que dizer a quem pergunta, o que dizer para que não precisem perguntar...

Estranha escolha a minha. Escolher pensar palavra, organizar palavra, premeditar palavra.

Minha palavra escorre
Sem pensamento
Sem parênteses
Sem asteriscos

Meu verso organiza sem métrica
A ele, permito
Deixo que minhas consoantes impliquem com as vogais
Autorizo qualquer coletivo
E me divertem metáforas

Confesso.
Sou absurdamente melhor na palavra escorrida do que na palavra escrita.

Janeiro de 2010
Esse texto nasceu crônica, mas o verso se intrometeu no meio sem pedir licença... e eu deixei.

Nota: Já tinha publicado aqui no Recanto, logo que entrei, mas na época ele ficou estranho porque eu não tinha ainda achado o título dele... originalmente não tinha título (como grande parte dos meus textos). Hoje, relendo, encontrei o título e republiquei.