Átrium

A tristeza apenas como o pó

se acumulando pelos cantos

se amontoando pela casa, ultrapassando frestas

flutuando pelo ar, em partículas

sem direção dentro daquele cômodo lúgubre

abafado

fechado, escuro.

Iluminado apenas por uma luz difusa

quase inexistente nascendo de algum lugar indistinto.

O cheiro de madeira vindo do piso antigo,

tão antigo quanto os sonhos ali guardados,

sepultados,

toma conta do ambiente.

Já não se sabe mais das horas, o tempo perdeu suas contas,

contado de repente

nas contas soltas de um velho terço caído ao chão.

Expressão inexistente, de uma não dor,

de um não prazer

de um não sentir

e um quase não existir.

Existência que grita sua presença,nas teclas de um piano tocado a quatro mãos...

imaginárias.

O incenso queimando chega ao seu fim, brasa se extinguindo

resta o aroma no ar.

Nesse cômodo, quase anestesiado

vive então de silêncio.

Um arrastar de porta, rangendo, como se reclamasse seu cansaço,

faz com que o ar se agite, a poeira baile solta por uns instantes.

Algo mais adentra, se une ao todo, que ali se empilha

onde a poeira se acumula

e mais uma vez volta a repousar.

Adriana A Bruno
Enviado por Adriana A Bruno em 22/06/2010
Código do texto: T2335446
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