Ode à beleza de uma amiga
Remontaria os tempos da Grécia antiga a constatação de que a beleza de minha amiga merece ser cantada em prosa e verso?
Seria demais pedir a algum poeta, fosse Alceu, Ésquilo, ou quem sabe Hesíodo, que se dedicasse a escrever singelas linhas sobre a beleza daquela moça?
De certo, jamais seriam singelas, pois como escrever de forma simples sobre algo tão complexo? Poderiam palavras de uma criança expressar os mistérios de adultos? Como descreveria em detalhes suficientes, se as poucas palavras conhecidas por seu vocubalário infantil não alcançam a profundidade dos assuntos dos mais velhos?
Assim, como seria injusto exigir da criança tal feito, talvez seja injusto exigir do poeta uma ode à beleza de minha amiga. Como poderia ele, por mais talentoso, falar sobre a beleza absoluta, se não foram reveladas aos mortais as palavras para descrevê-la? E, se por inspiração divinal, fossem sopradas ao poeta pela boca dos anjos as palavras certas, ainda assim, quem as compreenderia?
Sim, seria exigir demais do poeta.
Se não há quem escreva sobre sua beleza, rabisco eu estes pobres versos, na esperança de arrancar-lhe um sorriso, que alegraria minha semana.