Compondo chuva e estrelas
À espera do momento que não chega
na janela do trem que passa
e se vai.
Segue ritmado, em batidas suaves
Sentada na beira do muro, a menina
dos olhos marejados, cansados, toca seu violão, sol
pôr-do-sol
solidão da noite que adentra a alma.
O céu de nuvens tácitas
desenhando leis que se desfazem com o vento
se esvai.
Refletida no espelho escuro de olhos questionadores
a lua chega, brilho que ilumina, em algum lugar
sem precisão, os dedos trilham as cordas
e a voz trêmula ensaia uma canção.
Voz suave, um murmúrio, apelo, súplica
vai o trem apitando pelo trilho
caminho definido, e ela pousa o olhar no horizonte
se distrai.
Em réplica de chuva e estrelas
lágrimas, lentamente escorrem e caem ao solo
da canção, segue estrofe.... se refaz em refrão
Uma mistura de sons e tons
sem dó... entoa em si
bemol, lá
no fundo da alma.