A Lua em Firenze... e Eu
"A Lua nua, em todo seu esplendor, faz-nos mais ainda pensarmos em em fazer Amor"
LINDA, PRATEADA LUA, no CÉU refletes do Sol, o brilho e tua mudez faz-me calada. És a única a ver-me feliz nas solitárias madrugadas em silentes e prazerosas caminhadas.
Ouves o som de meu passar sobre as folhas secas já com as outonais cores, caídas nas calçadas antigas , a seguir o ritmo dos sentimentos, dos sonhos, dos pensamentos , em devaneios e anseios vívidos em oníricas mas magnificamente reais, consistentes mesmo, e sensoriais e tangentes vivências de dimensões por muitos ignoradas.
Meu presente é escrever sobre tudo isso que vivi e vivo agora - e certamente ainda com maior força e intensidade: o que me toca a alma e faz meu Ser crescer, enriquecer-se e viver intensa e profundamente o amor, em feliz harmonia com os que a mim se assemelham por afinidades existentes entre espíritos, físicos, mentes, qualidades e ideais.
Escrever com o objetivo de revelar meus segredos e mostrar-lhes as verdades e as probabilidades todas que se espraiam à frente dos que são felizes em ter a sensibilidade a fluir-lhes do etéro para o físico, latejando em cada célula de seus corpos as vibrações constantes do prazer de viver.
Penso o quão triste é a sina de todos os que, de almas menores e doentes, jamais poderão nem perto chegar de toda a grandiosidade de Ser… Quanto lamento por sua mesquinhez …
Estamos todos cingidos pelo Tempo: são incomensuráveis as aspirações das criaturas que Deus ilumina e tão poucos os anos que aqui ficamos.
Temos consciência de ser curta a Existência. Sejamos, pois, da Bondade, a essência e o Bem pratiquemos sempre irmanado à Solidariedade, em Entendimento e Paciência.
Lua! Lua prateada! Admiro-te na Eternidade à qual estás entronizada, qual gema preciosa e argêntea no lápis lazuli da noite engastada, como o azul-egípcio dos templos perdidos no tempo.
Ao ver-te em tua máxima beleza, esqueço-me de pensar… Profundamente sinto alegria imensa de poder admirar-te assim tão intensa, a refulgir dominante, a iluminar-me o olhar.
Tua fria claridade reflete-se sobre as pedras orvalhadas das velhas e históricas ruas pelas quais meus passos errantes me conduzem. Encontro a memória da felicidade de fugazes instantes que continuam redivivos em minh’alma, nesta Terra, curiosa, efêmera visitante.
De repente, inicia a soprar persistente o vento inclemente: gosto de sentir no rosto seu frio cortante. Lembra-me do meu Rincão, o Minuano. A saudade faz do passado, presente, e teimosas lágrimas pela face, suavemente deslizam quentes como pequenos rios correntes…
Chegam-me aos lábios e sinto-lhes O salgado gosto: assemelham-se antagonicamente, ao profundo e melancólico fluir das águas já frias de Agosto: prenúncio do adeus do Verão uma vez mais, pois está a aproximar-se o Outono, e o calor far-se-á do Hemisfério Norte desta Terra, ausente.
Negras nuvens cobrem teu fulgor, enciumadas de tua beleza, talvez… Ficam à tua frente: formam pesada, densa cortina, para impedir-me de ver-te : para descerrá-la, sou impotente.
Escurece-se a noite . Escapa ao meu olhar tua fria , sensorial claridade…
Ficará na lembrança a doce saudade de ter-te visto nua, Lua… nua na rua… em Firenze , Itália: abençoado solo de meus antepassados, os Cavalcanti.