Êxtase
Passeio sob o frio ar das primeiras horas da manhã, sentindo o vento que sacode meus cabelos e me acaricia com seus dedos atrevidos, a terra úmida sob meus pés descalços, contemplando as folhas que se desprendem dos galhos e voam, rebeldes e ansiosas em ir até onde o vento permite. Vem às minhas narinas o aroma fresco das rosas, da terra e das ervas. Paro de andar e me firmo, desejando que a força vital da terra penetre em mim, faça parte do meu sangue, circule em minhas veias, incorporando-se à minha essência.
De repente, sinto o cheiro de chuva. Não demora e as gotas cristalinas caem em mim, encharcando-me a roupa, fazendo o cabelo se colar ao rosto. Gosto da água fria na pele, da sensação de renovação que me traz. As plantas sempre se renovam após a chuva. Poderei eu me transformar, fazer com que o melhor em mim saia dos recantos mais profundos e venhja à tona?
Pouco a pouco, a chuva acaba, vem o sol, quente, acalentador, vital, abraçando-me. Meu sangue se aquece, ferve, borbulhante de vida e excitação. Eu sei que estou em êxtase, porque faço parte desta natureza mutável, infinita, fértil e palpitante.