I fiori sono nella scatola
Não era uma questão de ferir ou ser ferido; tampouco de manter-se em pé ou de desistir de tudo. Era mais um (re)encontro consigo mesmo. Era uma descoberta. A fresta estava aberta, era só encontrar a forma certa (discreta ou não) de se desnudar de tudo e de todos para, depois, criar novas formas, novos rumos. Após ultrapassar o pórtico o presente estava em forma de uma caixa, ainda vazia, em cima da mesa. Nela, justamente por estar vazia, poder-se-ia colocar tudo ou nada se assim o desejasse. Melhor presente não havia. Poderia ser igual a tudo ou transformador de tudo. Bastava sentir e assim se fez: flores (sem botões, sem espinhos, sem folhas, sem haste, sem pétalas). Flores de alma - perfumadas, exuberantes - aquelas que foi encontrando pelo caminho, que ajudaram na sua construção, que foram dando forma ao que era.