[A Pena da Viagem]
As águas que corriam na passagem
não mais existem - foram desviadas!
Não há mais o modo de eu voltar ali
para colher aqueles seixos brancos,
as pedras lisas da longa viagem...
O sentido da vida - qual é mesmo?
Ah, tomara os espelhos nos mostrassem
o esqueleto que em breve seremos...
E que, antes do último suspiro, refizéssemos
pergunta a que jamais respondemos:
- valeu a pena a viagem?
E da minha viagem, eu cumpro a pena:
por quanto tempo ainda haverei
de contemplar o leito daquelas águas...
[Penas do Desterro, 13 de junho de 2010]