Eu me penso árvores,
frondosas, longevas,
eternas, gigantes...
Eu me sou por árvores,
primeiras, permanentes,
que se perpetuam no tempo,
do que outrora houve caber
na pequenez de uma semente.
Eu me faço por tantos galhos,
braços estendidos ao céu,
saudando num abraço o infinito.
À janela meu Ipê Rosa,
e suas mãos de folhas novas,
estendidas ternas para mim.
Movimento silencioso de ramos,
os galhos que voam espaços,
de flores dançando belezas,
de uma dança que para se ver
tem que se olhar a vida inteira,
para sentir-se perpetuar
em vidas inteiras por vir...
Eu me finco raízes,
sei da terra que sou
sabendo a terra que sou...
E quando eu me for um dia,
deixo esse olhar às árvores,
firmes, únicas, perpétuas,
nesse olhar delas para o todo
que há antes e depois de mim,
na semente desse agora,
esse agora fincado no tempo,
que é o mais exato momento,
o momento exato em que eu vim...

(Poesia On Line, em 13/06/2010)
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 13/06/2010
Reeditado em 07/08/2021
Código do texto: T2317538
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