O mote de hoje é sobre namorados, todo mundo escreveu isso, acho que devia escrever também. Mas hoje não tem poema, ou talvez tenha, só que vestido de outra roupa.
Peço licença aos namorados e aos enamorados, e a ti, amor meu, mas hoje meu menino me roubou a cena. É que ele escolheu justamente o dia dos namorados para ficar noivo. Quer dizer, bem no dia dos namorados, tornou a namorada dele, noiva dele.
Acontece que meu menino e sua menina têm dezessete anos.
Então, o adulto que reside em mim, muito a contragosto, ficou esta semana a pensar suas asneiras. Eles, dois meninos, como é que dão um passo assim? Com o que vão se manter? Onde vão morar? E pensam por acaso que estas coisas sérias....”Cala a boca!” Gritou o menino em mim. Hein? “Isso mesmo, cala a boca! Acaso nunca tiveste dezessete anos?” Mas é que no meu tempo... “Deixa amarem os meninos!”
“Deixa amarem os meninos!”
Sim. Deixa. Voltei aos meus dezessete anos. Amor... amor tem tempo? Amor tem época? O amor de meus dezessete anos era bem assim, um amor sem casa, sem dinheiro, um amor sem salário, um amor sem essas preocupações com o futuro. E era amor do mesmo modo.
“Deixa amarem os meninos.”
E de repente olhei ali meu menino... lembrei meu menino nos mais tenros dias, de começar a andar na areia da praia, de dizer suas primeiras palavras, de jogar bola gol a gol no corredor, depois nas quadras, na rua, meu menino imitando as coisas de mim, o jeito de andar, as piadas e as caretas. “Deixa amarem os meninos!”
E meu menino ali, tão encantadoramente encantando de uma linda menina, meu menino que já sabe o que é o amor. O meu menino que já ama.
Voltei para casa um pouco mais satisfeito e tranquilo, tomado desse encanto diante de uma manifestação explícita do amor que, afinal das contas, continua sempre sendo do mesmo jeito o amor que sempre foi e nunca deixará de ser. Porque não precisa.
E senti que meu menino será capaz de traduzir isso aos meninos que forem seus. Senti a força dessa imensa emoção de meu menino ser a razão de viver esse menino em mim. E esses meninos, cujos olhares se cruzarem, daqui para diante, sorrirão marotos sempre de entender essa coisa do amor, sem que se precise dizer e explicar tanto.
Porque quando dois meninos se encontram até o silêncio pode dizer mais. E eu te amo, meu menino, te amo tanto há tanto tempo, que nem o tempo sabe dizer o quanto.
Depois disso tudo, no toca discos, Violeta Parra, Volver a los 17, para me fazer entender tudo isso de um jeito poético mais poético do que posso exprimir...
Para meu filho, Pedro Cavalcanti Lizardo
e minha nora, Juliana Pivelli
(Poesia On Line, em 12/06/2010)
Peço licença aos namorados e aos enamorados, e a ti, amor meu, mas hoje meu menino me roubou a cena. É que ele escolheu justamente o dia dos namorados para ficar noivo. Quer dizer, bem no dia dos namorados, tornou a namorada dele, noiva dele.
Acontece que meu menino e sua menina têm dezessete anos.
Então, o adulto que reside em mim, muito a contragosto, ficou esta semana a pensar suas asneiras. Eles, dois meninos, como é que dão um passo assim? Com o que vão se manter? Onde vão morar? E pensam por acaso que estas coisas sérias....”Cala a boca!” Gritou o menino em mim. Hein? “Isso mesmo, cala a boca! Acaso nunca tiveste dezessete anos?” Mas é que no meu tempo... “Deixa amarem os meninos!”
“Deixa amarem os meninos!”
Sim. Deixa. Voltei aos meus dezessete anos. Amor... amor tem tempo? Amor tem época? O amor de meus dezessete anos era bem assim, um amor sem casa, sem dinheiro, um amor sem salário, um amor sem essas preocupações com o futuro. E era amor do mesmo modo.
“Deixa amarem os meninos.”
E de repente olhei ali meu menino... lembrei meu menino nos mais tenros dias, de começar a andar na areia da praia, de dizer suas primeiras palavras, de jogar bola gol a gol no corredor, depois nas quadras, na rua, meu menino imitando as coisas de mim, o jeito de andar, as piadas e as caretas. “Deixa amarem os meninos!”
E meu menino ali, tão encantadoramente encantando de uma linda menina, meu menino que já sabe o que é o amor. O meu menino que já ama.
Voltei para casa um pouco mais satisfeito e tranquilo, tomado desse encanto diante de uma manifestação explícita do amor que, afinal das contas, continua sempre sendo do mesmo jeito o amor que sempre foi e nunca deixará de ser. Porque não precisa.
E senti que meu menino será capaz de traduzir isso aos meninos que forem seus. Senti a força dessa imensa emoção de meu menino ser a razão de viver esse menino em mim. E esses meninos, cujos olhares se cruzarem, daqui para diante, sorrirão marotos sempre de entender essa coisa do amor, sem que se precise dizer e explicar tanto.
Porque quando dois meninos se encontram até o silêncio pode dizer mais. E eu te amo, meu menino, te amo tanto há tanto tempo, que nem o tempo sabe dizer o quanto.
Depois disso tudo, no toca discos, Violeta Parra, Volver a los 17, para me fazer entender tudo isso de um jeito poético mais poético do que posso exprimir...
Para meu filho, Pedro Cavalcanti Lizardo
e minha nora, Juliana Pivelli
(Poesia On Line, em 12/06/2010)