Visionário...
À noite a mim vem
E eu estou além...
Dos doces deleites da vida.
Divago num infinito alucinante
De centelhas de todas as cores
Acima de falsos amores
De poucos pudores.
Sento-me e me sinto
No delírio do absinto...
Vislumbrando o vago existir dos transeuntes
Esquecidos de si mesmos
Preocupados em um morrer lento...
Em se perder nas entranhas da vida.
Não há piedade em minha alma.
Apenas a calma
Para sentir o amargo gosto
Do paliativo que a mim não cura
Mas, ameniza a fria realidade
Da humanidade em sua clausura.
Contemplo o brilho cego
De olhos perdidos em devaneios
Buscando as lembranças
De um passado não vivido.
E, a pueril esperança de um futuro melhor.
Meu coração fecha os olhos
Para a lógica trágica...
De um povo esquecido não pelos deuses
Mas, pela própria consciência de uma era.