Sem título certo
E se for você mesmo, você que há tanto tempo não vejo, não abraço, sequer lembro a cor dos olhos? Se for sofrendo mesmo, deste jeito que dramatizo que vou chegar mais perto de tê-lo comigo?
Que faria você, a essa altura do tempo de nós dois, se eu te perguntasse: “me quer ou não?”. Será que hesitaria, como já fez uma vez, ou abriria o sorriso de que tanto sinto falta e tomaria minhas mãos juntas às suas, pra sempre, a partir de então?
E como saber que, se a minha vontade é de realmente fazer-lhe essa pergunta, poderá dar certo, dar em alguma resposta positiva, ou, ao menos, definitiva?
Resposta esta que poderia ter mil desdobramentos, mas que poucos deles eu consigo imaginar comigo...
Só sei agora que sinto saudade. Saudade do tempo em que eu era mais esperançosa, mais inocente. E saudade, principalmente, do olhar que você devotava a mim cada vez que nos encontrávamos...
Certo filme meloso à vera mexeu comigo hoje, não sei a troco de quê. Sei que foi este mesmo filme que me fez lembrar você.
Somos tão parecidos, temos os mesmos talentos irônicos, as mesmas músicas preferidas, só não temos um ao outro como eu gostaria. Sim, iria até o fim dos tempos e do espaço por sua causa. Isso é bom? Não sei, hein...
Perdi a liberdade de perceber a magnitude das outras pessoas, dos outros homens, porque tomo você como parâmetro. Sabendo mesmo assim que não há outro igual a você, tão esquisito, fechado, e ao mesmo tempo, meigo e onipresente.
Ah... os desejos, as vontades que invadem.
E a literatura nesse meio, nesse “entrenós” de nós dois.