Resposta ao amor desejante dessa amiga.
Do alto desse viaduto que te passa despercebido pela cabeça, repleto de carros-bomba-sentimento-pulsante; caminhões com pedaços de coração em cada; e ônibus, mais e mais deles contendo pessoas queridas e que por toda a vida serão, vejo você a querer muito mais que isso, muito além disso que te falam. E você não responde.
Os passos pelo caminho [sem volta] que a cada um são de intensa vida e pulso [que, sim, ainda pulsa]. Os seus são os mais fortes. A vida que transpassa unida à fivela da sandália [a mais alta] é incrivelmente bem vivida.
A culpa, o remorso, a frivolidade que te podem invadir, essas não merecem tal morada. Se entrarem, saem rapidinho. Tão forte e inspiradora que é. A cada “não”, um “sim” escondido [ou um não sincero, sem receio de sair]. A cada “talvez”, um coração que quer desejar um “claro, por que não?”, mais que todos os outros que a cercam. Esse é o coração real, de carne, músculo, sangue, aberturas e afeto.
Afeição que lhe devoto. Afeto que rompe os limites do som, as barreias da (in) sanidade.
Se o amor tarda, ele é mais vivo quando finalmente chega. Deves saber disso, cara amiga. Se a saia não parece preencher mais nenhum qualquer – outro vazio, é porque nunca verdadeiramente o fez, sequer a intenção de tal. Se o salto alto quer te impulsionar para o céu, na verdade, é ele quem quer chegar até você, não o contrário, como pensas. A saia na cintura da moça que quer tirá-la de tão sufocada que está. Empensamento-divagação arrancada e estraçalhada em mil outras “sainhas” sem força alguma.
Sim, só há satisfação no amor. Amor-amigo, amor-romance, amor-mãe, amor-tesão, amor-todo-sem-limite-de-razão. O amor é eterna busca, inválida morada de ser com ele o que queres que seja. Ele é. Não somente o que você imagina. Ele simplesmente é. Ele se faz querer de maneira tal que os mais loucos [ou desparafusados] sabem disso. Sabem dessa potência. Assim também você.
Claro, o desespero bate. E bate forte, sem limites geográficos [do quarto à balada de sexta]. Bate sem pedir pra bater. Bate na cara, bate nos pulsos, bate na circulação que está em suas veias. Flamejando. Bate mesmo. E bate. Bate. Bate. E baterá pra sempre, acredite.
Se parar de bater. Acorde. Você não está mais viva.