PEDAGOGIA PARA A RESISTÊNCIA

Na primeira noite certos da nossa letárgica inércia

Não se amedrontam e entram sem o uso da força

E já às portas da nossa morada nada os faz mais parar

E tendo nosso medo como passaporte tornam-se algozes

E as gargantas, pouquíssimas, que se atreverem protestar

Terão no cadafalso o encontro com o carrasco.

Porém basta um lampejar de revolta e ouvidos

Dispostos a ouvirem

Os coloca de sobressalto e de olhos arregalados

Abaixarão as mãos frente aos poucos que se indignam.

Só assim se barra o tirano

Só assim se avista a mudança

Só assim se colherão as flores

E o jardim não morrerá.

E o cão ladrará ao primeiro sinal da invasão

E aqueles que não se curvaram porque resistiram

Deixarão como legado aos que virão a lição.

Dizem que uma andorinha não faz verão

Pode até ser verdade

Mas ainda que haja uma andorinha

Duas coisas acontecem:

Que sempre estará no horizonte

À possibilidade do Sol

E a certeza que as trevas não se confirmarão.

Então, e por fim,

Só terá perdido a batalha

Aquele que nem a lutou.