O AUTO DO MATRIMÔNIO ( uma peça sem graça)

Abrem-se as cortinas no palco do teatro convivência humana

e, mais um ato daquela vida à dois, é encenado

- uma peça “non sense”, dois atores medíocres, pouco cenário

produção barata, com cenas de um roteiro cotidiano

não houve ensaio – os diálogos são os mesmos de toda uma vida

- em alguns momentos a peça se torna um monólogo insuportável

não há diretor para comandar o espetáculo – e nem seria necessário

pois não existem assistentes, não tem iluminação adequada

o som, na maioria das vezes, é uma sinfonia de notas silenciosas

as poucas falas, são punhais cortantes que dilaceram o passado

não existe platéia – os únicos espectadores são fantasmas envelhecidos

dessa forma, não há palmas nem apupos – desgosto maior dos artistas

dois atores, sós, encenando a tragédia burlesca da vida à dois

um espetáculo sem hora para começar e sem final aparente

e assim, a vida até parece terminar – a peça, não

cai o pano e nada ocorre – corre sim, mais um dia

corre mais um mês, corre mais um ano

e a encenação continua, sem comédia, sem romance

somente drama.