O PARADOXO DO AMOR
A expressão mais cruel que ouvi
de um alguém a outro alguém
era " que não posso amar esse
alguém por esse alguém ser intocável
devido ser tão puro e adorável,
e eu por mim achar tão vil,
tão maldoso, impuro e defeituoso!"
O amor por ser a expressão maior
de todos os nossos sentimentos
e por ser demasiadamente sentimento
conseguinte ser ilógico
não possuir uma razão que a explique
de igual maneira a todos.
Sentimento mal que não se deixa isolar
tornar-se mistério, desconhecido por completo
não deixa-se tornar concreto para dissecá-lo
dividi-lo em partes menores analisar
construir uma opinião formal e definitiva
do que na realidade realmente é, sem
máscaras das personalidades distintas.
O amor é absurdo exatamente porque
não o posso tocá-lo, pegá-lo pelos braços
fazê-lo comer terra, para que possa passar mal
deixá-lo doente.
O amor existe para mim
porque eu falo sobre ele
e no momento que terminar
meu discurso amoroso
ele desaparece até que uma outra pessoa
volte a falar dele,
e quando fala nosso amor
falamos apenas de uma imagem
construída sobre o que é o amor
toda representação do que ele é para mim
um símbolo que tortura a mente
totalmente a fala, meu discurso
e por ser exatamente símbolo tenho várias
opiniões diferente do que ele é para mim.
Falar do amor é falar sobre algo
que de nenhuma forma pode ser falado
pois sempre estará o erro do acerto
corretamente, de forma única, definida
com igual resposta a todas as pessoas
o que eu sinto é o que eu sinto
e sinto que o que eu sinto seja o amor
mas o que eu sinto difere tanto das pessoa
que dizem que sentem o que sentem
e acreditam que o que sentem é amor.
Tenho medo e esse medo é de me calar
e esse amor desaparecer junto com o meu silêncio
quando desaparecer a minha linguagem amorosa
desaparecer de vista o meu amor
fazendo parte agora somente de meu imaginário.