O PARADOXO DO AMOR

A expressão mais cruel que ouvi

de um alguém a outro alguém

era " que não posso amar esse

alguém por esse alguém ser intocável

devido ser tão puro e adorável,

e eu por mim achar tão vil,

tão maldoso, impuro e defeituoso!"

O amor por ser a expressão maior

de todos os nossos sentimentos

e por ser demasiadamente sentimento

conseguinte ser ilógico

não possuir uma razão que a explique

de igual maneira a todos.

Sentimento mal que não se deixa isolar

tornar-se mistério, desconhecido por completo

não deixa-se tornar concreto para dissecá-lo

dividi-lo em partes menores analisar

construir uma opinião formal e definitiva

do que na realidade realmente é, sem

máscaras das personalidades distintas.

O amor é absurdo exatamente porque

não o posso tocá-lo, pegá-lo pelos braços

fazê-lo comer terra, para que possa passar mal

deixá-lo doente.

O amor existe para mim

porque eu falo sobre ele

e no momento que terminar

meu discurso amoroso

ele desaparece até que uma outra pessoa

volte a falar dele,

e quando fala nosso amor

falamos apenas de uma imagem

construída sobre o que é o amor

toda representação do que ele é para mim

um símbolo que tortura a mente

totalmente a fala, meu discurso

e por ser exatamente símbolo tenho várias

opiniões diferente do que ele é para mim.

Falar do amor é falar sobre algo

que de nenhuma forma pode ser falado

pois sempre estará o erro do acerto

corretamente, de forma única, definida

com igual resposta a todas as pessoas

o que eu sinto é o que eu sinto

e sinto que o que eu sinto seja o amor

mas o que eu sinto difere tanto das pessoa

que dizem que sentem o que sentem

e acreditam que o que sentem é amor.

Tenho medo e esse medo é de me calar

e esse amor desaparecer junto com o meu silêncio

quando desaparecer a minha linguagem amorosa

desaparecer de vista o meu amor

fazendo parte agora somente de meu imaginário.

SB Sousa
Enviado por SB Sousa em 05/06/2010
Código do texto: T2300457
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