Esses ouvidos!

Minha memória não é confiável.

Um “eu amo você” seguido de “eu amo-te também”.

Frases perdidas que foram encontradas.

Chaves do desconhecido desvendadas.

Um mapa vendido por um pirata qualquer.

Escampam os brilhos dos olhos. As falas deturpam-se.

Girações chocam-se nas paredes do quarto.

Mais verbetes e locuções. Diálogos se iniciam.

Mil variantes da frase inicial são postas aos ouvidos

a procura da emoção primeira.

Na memória fatos são lembrados, elaborados,

sonhos são revistos, ampliados, há associações de idéia e fatos.

E são somente o que falam, e nisto constroem

a existência de seus vínculos afetivos.

Nenhum lógica semântica entenderá

e em silêncio impera a emoção

ganhando resistência ao entendimento humano.

O mundo começara por uma frase seguidas por outras tantas

Que no conjunto antagônico da vida

Nem se percebia que algo estava confuso

Onde desaparecendo passado e futuro

Deixava-os com algo internamente incompleto

E pela artificialidade do pensamento criado pela frase

Os quereres amplificavam-se tencionando as ações.

Com a pequena frase inventa-se um mundo

E ninguém percebe este poder silencioso que tem o verbo.

SB Sousa
Enviado por SB Sousa em 05/06/2010
Código do texto: T2300428
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