Esses ouvidos!
Minha memória não é confiável.
Um “eu amo você” seguido de “eu amo-te também”.
Frases perdidas que foram encontradas.
Chaves do desconhecido desvendadas.
Um mapa vendido por um pirata qualquer.
Escampam os brilhos dos olhos. As falas deturpam-se.
Girações chocam-se nas paredes do quarto.
Mais verbetes e locuções. Diálogos se iniciam.
Mil variantes da frase inicial são postas aos ouvidos
a procura da emoção primeira.
Na memória fatos são lembrados, elaborados,
sonhos são revistos, ampliados, há associações de idéia e fatos.
E são somente o que falam, e nisto constroem
a existência de seus vínculos afetivos.
Nenhum lógica semântica entenderá
e em silêncio impera a emoção
ganhando resistência ao entendimento humano.
O mundo começara por uma frase seguidas por outras tantas
Que no conjunto antagônico da vida
Nem se percebia que algo estava confuso
Onde desaparecendo passado e futuro
Deixava-os com algo internamente incompleto
E pela artificialidade do pensamento criado pela frase
Os quereres amplificavam-se tencionando as ações.
Com a pequena frase inventa-se um mundo
E ninguém percebe este poder silencioso que tem o verbo.