O DONO (íntegra)

Pulando de nuvem em nuvem

Jogando bola com o sol

Pintei o arco Iris de preto

Mostrei a língua pro furacão

Usando um vulcão de privada

Canal do Panamá de piscina

Posso estar em qualquer estrada

Posso dobrar qualquer esquina

Eu uso a Itália de bota

Bebo a Via Láctea no café

Sou Deus que troca Venus pela lua

E depois me escondo onde quiser

Tudo eu posso e faço

Tudo com minha criação

Poeta da tinta do espaço

Sou dono da minha imaginação

Buscando plenitude e paz no dia a dia

Nas águas límpidas do saber viver

Achando sempre muito mais

É assim que tem que ser

Choro por muitas vezes sem motivo

Podem chorar por você

Estendo a mão a qualquer inimigo

Simplesmente por não querer vê-lo sofrer

A luz e o sol se completam

Mesmo sem se tocarem

Faço inimagináveis incógnitas

Sou vultos por todos os lugares

Quebro a barreira do som

Posso fazê-lo ou não

Mas mostro o poder maior

Que é grande nesse meu dom

Falo em línguas estranhas

Olhe por todos os ângulos

Dono de todos os tesouros

Mestre de todas as façanhas

O som das ondas é meu grito

Refugio das manhãs tristes

Um vulcão que sangra com meu sangue

Dias mais que felizes

Deito-me devagar vendo a terra tremer

Sempre ao levantar, meu suor, orvalho

Piso na neve para fazer planícies

Com poesia choro chuvas sem querer

Na escuridão de um fechar de olhos

Pensamentos voam como falcão

Vagueiam em um amor que nunca existiu

Falhas de canyons, rachaduras do coração

Estar irritado é impossível

Extinguirá a vida e o mundo

Sou totalmente previsível

Nunca serei um moribundo

Acordei um pouco cansado

Pensei em apagar o sol

Dei um sorriso mal humorado

Fui caminhar dormindo acordado

Bebi toda água do rio Negro

Usei uma nuvem como espuma de barbear

Subi no cume do Everest buscando sossego

Mas já havia gente por lá

Com uma pirâmide palitei meu dente

Usei o lago Ness como espelho d’água

Fui para o Aconcágua, mas também havia gente

E lá rio Tamisa afoguei minha mágoa

Posso ser o dono, mas mesmo assim sou gente

Crio o universo, mas também me enfastio

Vou já indo para Marte como um indigente

Gritar feito louco como uma gata no cio

André Anlub

BLOG: http://poeteideser.blogspot.com/

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Contato: andreanlub@hotmail.com