Um poema despretensioso, mas astuto e sagaz
Como se falasse de tudo o que cabe num olhar
Tudo o que se concebe e pode ser perspicaz
O que se imagina e o que nem se pode imaginar
Insano como os que gritam em vão nas praças
Como os que tecem uns tais versos proféticos
Coléricos de antecipar desavisadas desgraças
Para condenar nossos pecados mais patéticos
Pretensão de separar sempre o bem e o mal
E com sua moral construir ditadura do viver
Convidando-nos alegres a mais um juizo final
Cuidando de nos avisar, aflito, que vamos morrer
Mas de repente o poema se emenda, e se cura
Torna-se amável, sociável e mesmo agradável
A convivência com ele torna-se boa e segura
Um tanto quanto aprazível, benfazeja, suportável

… o poema pariu um dilema

Anda ainda incerto sobre se grita ou cala
Nem sabe ao certo se revela ou esconde
Sobre ser certo ou errado tudo que fala
Sobre olhar por onde anda e andar sabe-se lá por onde
Poema assim despretensioso, mas astuto e sagaz
Falando-nos de tudo o que não caberia num olhar
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 04/06/2010
Reeditado em 07/08/2021
Código do texto: T2298502
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