PROMESSA

(para minha mana Luiza)

Nós caminharemos

por esses espaços onde sonharam

os nossos passos.

As folhas mortas ficarão para trás.

E os silêncios insanos.

Iremos para onde vai o sol,

porque ainda somos humanos.

Nosso verbo será ouvido

falaremos de nós

e sei que haverá quem ouça

a nossa voz.

Falaremos dos nossos sonhos

e ansiedades

e ideais e contrariedades

sem que tenhamos o silêncio

como resposta

dos narcisos que só conhecem

o próprio rosto

e a própria porta.

Caminharemos como quem passa

pela vida em estado de graça

indo, vindo, se perdendo,

mas ousando e sendo.

Caminhante, que irás ao meu lado,

iremos devagar.

Sem futuro, sem passado,

sem seres alados,

sós, com nós mesmos,

mas finalmente,

despertados.