Desde que se faça o níquel chover aqui, está tudo perfeito... O pior é quando chegar a Primavera e os pássaros voarem para o norte da estrela da manhã. Nessa altura os decotes dos vestidos das meninas serão bordados por fadas do Outono.
Os mananciais de gelo deixados nas praias virão recolher as espécies perdidas nas areias e pedras.
Oh! poetas de vidro que estais dormindo no seio das penas, das mágoas! Vinde e lavai as lágrimas dos jovens desprovidos de amor! Fazei com que os leitos se encham de criaturas gentis e que as sementes se renovem outra vez este Verão!
Não há intenção de fazer nada de especial deste calor de estio guardado em teu seio. As margaridas voltarão dos espaços abertos para onde voaram com as brisas da manhã.
Os sons brincam nos olhos das gaivotas mas estas são cegas de maravilhas azuis! Não há branco nem ar que sustentem as teias tecidas por elas que voam sem rumo...
Que fazer deste novelo?
Deixá-lo em casa de João que guia Maria...
Não há parada para passarem as tropas que chegam da frente. Os passos ressoam nas janelas. As crianças sentam-se e esperam. As avós não estão cá para as embalar; partiram na migração com as borboletas.
Os vulcões abrem as bocas e comem cidades, cidades que estão já maduras. Os rios sobem os montes, perdido o seu rumo natural. Onde estás, amor da minha vida? O grito repete-se pelos lençois de orvalho... responde o trovão: já voou... já voou...
Poetas de carmim, vinde depressa que morre o amor... Deixai a donzela sentada ao balcão do seu castelo-maravilha. O céu abre-se em gomos e vós não sabeis o que fazer com o barulho das ondas! Magnífica é a deusa que colhe os frutos antes das sementes, roubando o futuro do bico amarelo da asa do falcão!
Oh suprema razão que a razão infestais de dores perenes! Oh quão belos são os lábios secos de beijos e espalhados no rosto do infante, dormido e morto nesta tarde de sol velado!
E a infanta acorda do sono secular para reformular destinos de cibernautas incautos que viajam em bandos pelos desertos de Marte.
As brigas dos gatos verdes são o sabor que enche de orgulho a ama que urde e tece as meias do veado inerte. O veado-mestre-de-obras-celestiais.
A vida desabrocha. As florestas gritam de alegria. O vento procura o lar de Sião, que não existe já. Os montes ondulam caprichosos chorando o passado perdido nas águas das fontes...
E o sol derrete a caldeira que foi o berço da vida!
TERESA LACERDA (2004)
Beijinhos,
Teresa
Os mananciais de gelo deixados nas praias virão recolher as espécies perdidas nas areias e pedras.
Oh! poetas de vidro que estais dormindo no seio das penas, das mágoas! Vinde e lavai as lágrimas dos jovens desprovidos de amor! Fazei com que os leitos se encham de criaturas gentis e que as sementes se renovem outra vez este Verão!
Não há intenção de fazer nada de especial deste calor de estio guardado em teu seio. As margaridas voltarão dos espaços abertos para onde voaram com as brisas da manhã.
Os sons brincam nos olhos das gaivotas mas estas são cegas de maravilhas azuis! Não há branco nem ar que sustentem as teias tecidas por elas que voam sem rumo...
Que fazer deste novelo?
Deixá-lo em casa de João que guia Maria...
Não há parada para passarem as tropas que chegam da frente. Os passos ressoam nas janelas. As crianças sentam-se e esperam. As avós não estão cá para as embalar; partiram na migração com as borboletas.
Os vulcões abrem as bocas e comem cidades, cidades que estão já maduras. Os rios sobem os montes, perdido o seu rumo natural. Onde estás, amor da minha vida? O grito repete-se pelos lençois de orvalho... responde o trovão: já voou... já voou...
Poetas de carmim, vinde depressa que morre o amor... Deixai a donzela sentada ao balcão do seu castelo-maravilha. O céu abre-se em gomos e vós não sabeis o que fazer com o barulho das ondas! Magnífica é a deusa que colhe os frutos antes das sementes, roubando o futuro do bico amarelo da asa do falcão!
Oh suprema razão que a razão infestais de dores perenes! Oh quão belos são os lábios secos de beijos e espalhados no rosto do infante, dormido e morto nesta tarde de sol velado!
E a infanta acorda do sono secular para reformular destinos de cibernautas incautos que viajam em bandos pelos desertos de Marte.
As brigas dos gatos verdes são o sabor que enche de orgulho a ama que urde e tece as meias do veado inerte. O veado-mestre-de-obras-celestiais.
A vida desabrocha. As florestas gritam de alegria. O vento procura o lar de Sião, que não existe já. Os montes ondulam caprichosos chorando o passado perdido nas águas das fontes...
E o sol derrete a caldeira que foi o berço da vida!
TERESA LACERDA (2004)
Beijinhos,
Teresa