Anatomia de Mulher

Odisseia sem par

Pelas alvas planícies do norte

Tão macias e perfeitas gêmeas de cume sublime

Coradas de rubor a cada toque de minha exploração

Atravesso as terras que levam para um oásis escondido

Ao sul de minha peregrinação

Decidido avanço pelos caminhos desertos de curvas poéticas

Como dunas de pele que enrijecem aos passos

Lentos e calculados que são

A cada milímetro, um tremor nas mãos

Suspiros pouco pensados que saem aos solavancos

Fugitivos de uma discrição mentirosa

Por entre lábios trêmulos e molhados

Provocados por tão envolventes caminhos

Que chamam, que prendem, que hipnotizam...

Uma taça onde, por segundos infinitos, descanso

Rodeando lentamente antes de prosseguir viagem

Restauradas algumas gotículas de sanidade

Se é que realmente foi assim

Intrépido, avisto meu destino

Um declive logo à frente

Um rapel sem cordas, que jorra adrenalina

Como nenhum pára-quedista jamais alcançou

Um oásis encontrado, cujo aroma me estremece

Como de eras primitivas, desprovido de intelecto

Só instinto, só excitação, só desejo

Às margens desse riacho, o sabor da natureza

Que provo com a língua e não resisto: mordida a mordida

Uma ilhota, antes da parte mais profunda

Onde acampo em peripécias

Que parecem causar um terremoto em toda a odisséia que tracei

Ali eu me demoro

Sabor, tremor, amor

Meu mergulho é lento e macio

Como num balé aquático

De belos trejeitos ensaiados

Escondidos por detrás de uma loucura inexplicável

As horas são incontáveis, pois alcancei meu frenesi

Me destruo, me refaço, por vezes que não sei

E se repete

E se repete

E se repete

Até terminar em um instante eterno

Krummel
Enviado por Krummel em 01/06/2010
Reeditado em 02/07/2010
Código do texto: T2293662