Anatomia de Mulher
Odisseia sem par
Pelas alvas planícies do norte
Tão macias e perfeitas gêmeas de cume sublime
Coradas de rubor a cada toque de minha exploração
Atravesso as terras que levam para um oásis escondido
Ao sul de minha peregrinação
Decidido avanço pelos caminhos desertos de curvas poéticas
Como dunas de pele que enrijecem aos passos
Lentos e calculados que são
A cada milímetro, um tremor nas mãos
Suspiros pouco pensados que saem aos solavancos
Fugitivos de uma discrição mentirosa
Por entre lábios trêmulos e molhados
Provocados por tão envolventes caminhos
Que chamam, que prendem, que hipnotizam...
Uma taça onde, por segundos infinitos, descanso
Rodeando lentamente antes de prosseguir viagem
Restauradas algumas gotículas de sanidade
Se é que realmente foi assim
Intrépido, avisto meu destino
Um declive logo à frente
Um rapel sem cordas, que jorra adrenalina
Como nenhum pára-quedista jamais alcançou
Um oásis encontrado, cujo aroma me estremece
Como de eras primitivas, desprovido de intelecto
Só instinto, só excitação, só desejo
Às margens desse riacho, o sabor da natureza
Que provo com a língua e não resisto: mordida a mordida
Uma ilhota, antes da parte mais profunda
Onde acampo em peripécias
Que parecem causar um terremoto em toda a odisséia que tracei
Ali eu me demoro
Sabor, tremor, amor
Meu mergulho é lento e macio
Como num balé aquático
De belos trejeitos ensaiados
Escondidos por detrás de uma loucura inexplicável
As horas são incontáveis, pois alcancei meu frenesi
Me destruo, me refaço, por vezes que não sei
E se repete
E se repete
E se repete
Até terminar em um instante eterno