Por onde eu ando?

Perdi o tempo, o leme, a direção

Emoção se faz morta, perdi a concentração!

Caminhei por caminhos cujos ventos apagavam minhas pegadas

Como se eu fosse apenas marola de vento em duna

inconstante, inconclusa...

E esta mesma duna, que a meus passos acolhiam

Era ela também engolida pelo vento e sumia de meus pés

(Perco-me facilmente de mim.)

Acho que já ando me despedindo faz tempo

Enjoei desta casca dourada. Queria ser novamente fluido

Apenas uma luz, sem temperatura, nem ambições,

sem cansaço de ter de viver.

Ando tão exausta de continuar morrendo a cada dia

Perdi a luz daquela manhã, e o raio que despedaçou a árvore

Perdi a lágrima de amor, perdi a saudade

Perdi a idade; e a sanidade

A mim, abandonou.

Saiu zombando de mim, pela porta branca

E num facho de luz do corredor, apenas olhou-me de longe

Perdi os neurônios,

os sonhos,

a dançarina de neon,

perdi o show do Oswaldo...

E um tanto de pecado, que me neguei a cometer.

por onde anda minh’alma atordoada?!

embora tão densamente amarrada,

vaga sem rumo na dimensão do ar...

Chego ao fim da duna...

O dia já percorreu todos os meus labirintos

E sento exausta num raio de lua

Que me acarinha com a brisa fria

Como se sentisse medo de me tocar.

As estrelas me olham com ternura

E eu sei que elas, também perderei um dia

Quando meus olhos não mais puderem enxergar

lembrarei que as tive por um breve momento.

Então, as guardo nas gavetinhas da memória

Que andam já abarrotadas de velhas histórias.

Pois só assim, quem sabe, as terei para sempre

Como ainda tenho de algum modo,

tudo aquilo que de fato, já perdi.

Márcia Poesia de Sá

Márcia Poesia de Sá
Enviado por Márcia Poesia de Sá em 01/06/2010
Reeditado em 23/12/2013
Código do texto: T2292731
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