Por onde eu ando?
Perdi o tempo, o leme, a direção
Emoção se faz morta, perdi a concentração!
Caminhei por caminhos cujos ventos apagavam minhas pegadas
Como se eu fosse apenas marola de vento em duna
inconstante, inconclusa...
E esta mesma duna, que a meus passos acolhiam
Era ela também engolida pelo vento e sumia de meus pés
(Perco-me facilmente de mim.)
Acho que já ando me despedindo faz tempo
Enjoei desta casca dourada. Queria ser novamente fluido
Apenas uma luz, sem temperatura, nem ambições,
sem cansaço de ter de viver.
Ando tão exausta de continuar morrendo a cada dia
Perdi a luz daquela manhã, e o raio que despedaçou a árvore
Perdi a lágrima de amor, perdi a saudade
Perdi a idade; e a sanidade
A mim, abandonou.
Saiu zombando de mim, pela porta branca
E num facho de luz do corredor, apenas olhou-me de longe
Perdi os neurônios,
os sonhos,
a dançarina de neon,
perdi o show do Oswaldo...
E um tanto de pecado, que me neguei a cometer.
por onde anda minh’alma atordoada?!
embora tão densamente amarrada,
vaga sem rumo na dimensão do ar...
Chego ao fim da duna...
O dia já percorreu todos os meus labirintos
E sento exausta num raio de lua
Que me acarinha com a brisa fria
Como se sentisse medo de me tocar.
As estrelas me olham com ternura
E eu sei que elas, também perderei um dia
Quando meus olhos não mais puderem enxergar
lembrarei que as tive por um breve momento.
Então, as guardo nas gavetinhas da memória
Que andam já abarrotadas de velhas histórias.
Pois só assim, quem sabe, as terei para sempre
Como ainda tenho de algum modo,
tudo aquilo que de fato, já perdi.
Márcia Poesia de Sá