Cidade em frio envolta
Em roupa de agasalhar tristeza
A solidão que anda à solta
Lágrima vertida com presteza
A passear a melancolia
Tinge de soturno o vazio da rua
Esparrama-se em emoção vazia
A dor que perdida anda nua
Tão mísera em andrajos vestida
Iluminada de suas luzes mortas
E olhares de curiosidade escondida
Que rastejam por tuas mil portas
Tuas tantas janelas estilhaçadas
Espiam impunes tua cruel cena
Cidade de realidades despedaçadas
A um só tempo grande e pequena
E tão vil, tão cruel e tão linda...
Excitantemente vã e misteriosa
Tanto horror numa beleza infinda
Tão esplendidamente tenebrosa
E pétrea de tanta falta de pudor
Dissimulado ardor que me espanta
Fria e concreta me acolhe com amor
De um concreto amor que me encanta
Marcos Lizardo
Enviado por Marcos Lizardo em 01/06/2010
Reeditado em 07/08/2021
Código do texto: T2292485
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