TEMPO DE PODA

No solo,a tua basta cabeleira se espreguiça desordenada e aflita sentindo-se arder e queimar sobre o asfalto escaldante.A tua cor surreal e bela desbota  frente a incapacidade de subtrair-te à morte que te ronda sorrateira.O sol se deita e se alonga sobre as tuas sobras, beijando-te com a mais pura e intensa sofreguidão, com ânsias de libertar-te dos teus últimos estertores.As suas mãos calosas e ardentes te erguem pelos ombros enquanto beija os teus lábios ressecados e mornos.A tua seiva se esvai! Já não mais fabricas o precioso alimento, pão da vida.Deitada, despojada de ti mesma, não és mais aquela que realiza mecanismos bioquímicos tão ricos e preciosos És apenas os teus próprios restos mortais. A tua dor não pode ser minimizada através do pranto pois que não mais possuís lágrimas.Agonizas em silêncio enquanto pés despreocupados te pisam e te massacram chutando-te ao longe.Desceste ao mais baixo nível quando pretenderam domar a beleza indomável da tua vasta copa.Através dos tempos mudaram-te de muitas maneiras porém ainda conservas imaculada a tua bela e inigualável essência e esta,ninguém, jamais, logrará alcançar,


bjs,soninha

Sônia Maria Cidreira de Farias
Enviado por Sônia Maria Cidreira de Farias em 01/06/2010
Código do texto: T2292399
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