A volta de um peregrino
A volta de um peregrino
Até logo, vou até a esquina e volto. Volto para os sentimentos que aqui vivi, volto para o abraço, volto para os sonhos compartilhados. Volto para enxugar uma lágrima que sem querer eu deixei que caísse da pessoa que amei. Volto para recuperar as minhas forças que se esvaem, em cada lembrança, em cada som, em cada gole do café da manhã que deixei de sorver junto à minha tribo. Vou até outro lado da rua , mas volto para rever os amigos, para abraçar os queridos, para dizer que mesmo em face das circunstâncias eu jamais esquecerei os momentos de uma vida que eu sonhei, chorei, lutei e que, muito provavelmente também me decepcionei, por coisas banais ou por outras que eu podia superar e não superei.
Volto para a manhã de céu azul, volto-me para as nuvens brancas no topo da serra circundado a metrópole. Volto para o abraço, para o beijo, para as conversas amenas, para as conversas fiadas. Volto para o barulho da tarde e para o tempero das paixões. Volto e trago comigo uma nova canção, uma canção de renovo, uma canção apaixonada pela vida, pelos olores, pelas cores que o sol aquece todos os dias, no pé da serra, na orla dos lagos e no rio de sangue do meu coração. Volto de onde eu jamais deveria ter saído. Volto, para mim mesmo e, principalmente para Deus.