[Ah... Não me Perguntes]

Não me perguntes

por que estou acordado a esta hora,

por que o tédio ainda não me matou,

por que a solidão ainda não me sufocou,

por que a perspectiva do amanhã nem me assusta mais,

por que sou inespecífico quanto a mim,

por que o meu corpo arde na noite,

por que um dia ou um ano não faz diferença,

por que um minuto faz toda a diferença,

por que as palavras são ponte para o nada,

por que as palavras são ponte para o ser,

por que, depois de ti, ninguém mais cabe em meu peito,

... e por que eu não me canso de ser um idiota, enfim!

Mas, sobretudo, eu te peço:

Não te percas de mim,

mas fala-me, se podes:

quanto devo chorar,

quanto devo padecer,

para onde preciso correr,

se o problema da minha vida

é que não posso te esquecer?

Já soltei o corpo e a mente

na ladeira do abandono...

que rolem, que rolem...

Olha só: eu nem estou mais aqui,

como um sonho que some ao amanhecer,

[acaso estiveste me sonhando? Ora... desculpa-me, sim?]

eu me vou de minha consciência, parto do meu mundo,

e também, eu me vou de ti — apago-me — fui!

[Penas do Desterro, 31 de maio de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 31/05/2010
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T2290313
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