Em meu caderninho de sonhos
Em meu caderninho de sonhos
Certo dia, esqueci meu caderninho, na floresta das palavras, adormeci bem quietinha embaixo da copa de uma arvore, quando acordei, era tarde e a noite já cobria os caminhos, assustada, levantei e corri para casa, esquecendo assim a pena e o caderno na areia.
Na manhã seguinte percebi, e voltei mais que rápida aquela copa...
Lá estava ele, onde deixei, penso que chorou minha falta. O pego com carinho da grama úmida de orvalho, ainda e dou-lhe o maior de todos os abraços, que medo tive de perde-lo! Ainda bem que não choveu.
Sentei para vê-lo por dentro. E qual não foi a minha surpresa, na ultima pagina, escrito em lilás, havia o seguinte pedido:
- "Dá a receita...
Preciso tê-la!
- Que magia preciso, para não amar-te assim? !
Passei a noite aqui a proteger teus sonhos escritos aqui no caderno, que esquecestes por certo! já que tuas linhas transcrevem teus sorrisos e cachos. Mas se eu li tua alma, e isto, sei que o fiz, com certeza amanhã verei você voltando aqui...para buscar tua alma que tão delicadamente vi ”
Fiquei pasma, não havia qualquer pegada...
- Quem teria escrito aquelas coisas?
Neste recanto distante, dentro desta mata, onde nada há
além de meus silêncios e pensamentos?!
Mas grata por ter protegido o meu pedaço de céu, pego um graveto na mata e rascunho na terra o seu pedido: certamente deve ter sido um elemental, e estaria por ali a me observar, logo leria minhas palavras, que comecei a traçar:
Magia:
Procura uma lua de cristal...
Numa noite de branca e cheia
E a jogue de cima de um pé de maçã
Dentro de um lago encantado
Peça em voz alta três vezes
Aos anjos, fadas e aos colibris desta mata
...
Se à ti, o sol der uma risada
Teu pedido terá sido aceito
Contudo, se sentires um nó no peito...
Saibas com certeza, que jamais sairei daí.
Viverei em teu peito como linhas que amas,
contudo são destas mesmas tramas
que eu traço em tranças : meu Adeus.
Márcia Poesia de Sá.