POEMA INACABADO
memória póstuma

Este poema nós começamos juntos
Nele existia um imenso amor
Haviam lágrimas, mas também sorrisos
Lágrimas e sorrisos com um só sabor.
Era um poema feito de ternura
Cheio de amor e pura fantasia
Jamais pensamos em qualquer loucura
Embora às vezes era o que parecia.
A vida tem passagens tão secretas
Por uma delas foi que nós passamos
Só que eu voltei e tu seguiste arestas
E me deixaste lágrimas à vida regando.
E este poema que podia ser tão lindo
Ficou comigo e eu sem guarida
Talvez até já estivesse escrito
Que aquele amor não sobreviveria.

Hoje estou só, nunca estarás comigo
Uma barreira entre nós havia
Tão invisível e cruel quanto o castigo
Que é de solidão haver sobrevivido.
Não há poema, já não há mais nada
Talvez até odeie este papel maldito
Não vale apena amar sem ser amada.
Sei que de nada tu tiveste culpa
Devia estar escrito que seria assim
Por isso parecia uma doce loucura
E quantas vezes o disseste para mim.
O teu poema hoje tem sabor de glória
O meu, das lágrimas que não posso evitar,
O teu poema se fez minha história
Em preto e branco até ti encontrar
Do outro lado onde estás agora
Quem sabe um dia, juntos o terminar.


Brasília, 28/05/2010