Infância Palestina
Soa ao longe a sirene
e bem perto o estrondo
mais uma bomba que cai
sobre o teto da minha infância.
Meus amigos aos poucos
vão sumindo na poeira
dos escombros de nossas casas,
derrubadas junto com nossos sonhos.
De médico a atirador,
de advogado a terrorista
de juiz a homem-bomba.
Agora meu estilingue é uma bazuca,
minha bicicleta um tanque militar,
meus soldadinhos de chumbo
hoje são meus irmãos de ideologia.
O menino que outrora fui
perdeu-se entre os corpos amontoados sob meus pés
e o sangue dos meus pais que tingiam minhas mãos.
Brincadeira cruel do Destino?
Paradoxo?
Em dor cresci,
em dor vivi,
em dor morrerei.