Faz de conta

Faz de conta que o Sol não vai se pôr, que você não derrame nenhuma lágrima porque não há fluidos para isso, que o vento não mais exista e a cortina da sua sala que você tanto gosta de observar movendo-se não o faz mais.

Faz de conta.

Faz de conta que as nuvens estão mais próximas da superfície da Terra e você consiga tocá-las ao pôr-se na ponta dos pés. Faça de conta que seus olhos possuam um alcance maior do habitual e você enxerga como um Gavião Real. Faz de conta que os governantes de todos os países do 'primeiro mundo' renunciaram.

Imagine.

Imagine que não há mais tabus, nem repressão ou qualquer tipo de preconceito. Imagine sua caminhada agora. Todo seu percurso modificado de alguma forma ao longo da sua existência.

Faz de conta que a lua mudou de cor e as estrelas são mais cintilantes, que as frutas não mais apodrecem na fruteira nem caem das árvores. Imagine que você tem de tomar conta de todas as mudanças e constâncias.

Imagine, agora, um cogumelo atômico tomando conta no seu lugar.

Imaginou? Então pense o que os atingidos por um desses não imaginaram ou tiveram de fazer de conta para conseguir prosseguir.

Os vivos e os mortos.

Lorene
Enviado por Lorene em 25/05/2010
Código do texto: T2278605
Copyright © 2010. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.