UM FENÔMENO SOCIAL
Olha pela rua, coração palpitante de esperança, quer um emprego que seja o suficiente para sustentar sua família. Vê uma placa ao longe, em uma firma de plásticos; acelera o passo. Quem sabe? Já pode ver-se chegando em casa, abrindo a porta e os filhos correndo e abraçando-a pela cintura, seus olhinhos brilhantes e gritando “mamãe chegou”! Suas mãos não estarão vazias: trará carne para por na panela e um biscoito para distrair as crianças, enquanto prepara a janta. E aí, nenhum cansaço será maior que a alegria de ver atendidas as necessidades básicas dos filhos e as próprias. Irá rodá-los no ar segurando-os pelas mãos e os abraçará com força dizendo que os ama muito, tanto, que compensará a ausência do pai, que se foi para um mundo melhor: sem fome, sem dor...
As lágrimas caem dos olhos e é um misto de expectativa, medo, esperança. O que sabe é que não lhe é permitido desistir, não pode. Desistir seria largar ao relento estes três pares de olhos confiantes...
Enxuga os olhos, se apruma, ajeita a gola da blusa, levanta a cabeça. Se não for ali será em outro lugar. Eleva uma prece a Deus e caminha decidida.
Leonilda 19/05/10