Na Fantasia, Há Mar…
Desde sempre vivera na praia… Correndo sobre grandes tapetes de areia branca. Muito vento assanhando seus cabelos, longos e negros, enquanto sol ardia sobre o sal à revelia de cada poro ao longo de sua pele morena.
Aqui acolá se deparava com falésias… E nestas ocasiões a alternativa sensata era apreciar as ondas quebrando, numa fanfarra de sons que não paravam de ecoar como se fora a mais linda das canções, ou o mais estridente grito por liberdade.
Era pura emoção ver o espetáculo das espumas rompendo o subnível das águas, formando bordados no ar, polvilhando o ar com bolhas diamantes liberadas através de seu próprio esforço... Uma tela divinal ora em azul e branco, ora em escala colorida no contraste do sol poente…
Foram tantas as vezes que vivera aqueles momentos de encontros mágicos... No silêncio daquele diálogo solitário, entre a alma menina e a alma da mãe natureza, sempre forte, generosa, apoteótica e repetitiva. Pródiga nos seus encantos, a falar de ponderação, poder, humildade, partilha, paciência, pureza, leveza… Virtude e dignidade espraiando-se no ar…
Às vezes era aurora, às vezes era sol à pino, às vezes era ocaso… Às vezes era dia de sol, às vezes era dia de chuva. Maré baixa, maré alta… A cada dia, nada impedia que aquele diálogo mudo se consumasse. Na alegria ou tristeza, era acolhedor aquele afago entre a fantasia e a realidade, a cada evento a menina crescia e em moça se transformava…
Ibernise.
Indiara (Goiás/Brasil), 23.05.2010.
Núcleo Temático Romântico.