SOBRE O TEU MISTÉRIO E O MEU

Sempre soube do teu Mistério, não sabia do meu até que tu mo disseste, em um poema longínquo, que dizia mais ou menos isto: "...E eu sorvo do Mistério que nem sabes que tens." Estes versos descerraram uma ponta do véu que me cobria ( e continua a cobrir-me).

Não prosseguiste na tarefa de desvelá-lo para mim, o meu mistério e eu também, até hoje, não encontrei forma para cumpri-la, a tal tarefa de desvendá-lo para mim, o meu mistério.

Agora, mais do que nunca sem Saídas nem Tempo algum para nós, precisamos seguir, sozinhos, à procura ( procura que, em verdade, é sempre, essencialmente, só de cada um, de todos, no próprio fundo mais fundo) do rosto, tu, do teu Mistério; eu, do meu. Solitários e a sós, apenas na companhia do Deus sempre de tocaia e em prontidão para nos acudir e para nos cobrar o altíssimo e inafiançável preço de Tal Descoberta.

Zuleika dos Reis, na madrugada de 23 de mauio de 2010.