Eu, escritor

Mais uma vez a longa e velha crônica segue caminho rumo ao nada. Juro que há uma luz. Além de todas as coisas ainda está tudo errado. Afinal, o poeta nunca disse algo. Escreveu, pois a fraqueza não lhe permitiu pronunciar uma palavra de seu vocabulário. Sempre marginal, a espreita de uma revolução. Em busca da luz, da razão, da inclusão, mas só resultou em seus antônimos. A velha oficial, que sempre me ensinou sobre a vida, não pronunciou uma palavra quanto à mediocridade desta lástima que levaram e hei de levar. Apesar de todas essas apostas, jogadas perdidas, nos estatizamos. Não há mudança. A homogeneidade é gritante.

Diferença, onde estás? Meu apoio nunca lhe foi falto. O porquê de você me deixar permeia minha cabeça constantemente. Mão. Segure-a com força, meus pés bambearam da última vez. Sinta. A, gélido ar sai de minha boca, M, atravessa o ar em direção a sua pele, I, toca-a, M, estremecer.

Pego de surpresa. Foi assim que me senti quando descobri meus preceitos artísticos. O dom de explorar e personalizar a língua é incrível. Resquício de uma era obscura e sem razão. Adolescência. Tempo determinante para minha vida na escrita. Logo nesse momento em que a fuga encontrada por todos é algo fora dos padrões impostos pelos pais, me vi perdido encontrando na poesia e na escrita a forma que buscava de exportar meus sentimentos e mostrar meus valores de alguma forma que parecesse compreensível apesar de nem sempre alcançadas minhas metas com a poesia eram de suma importância para me estabilizar e continuar. Tal método anti estressante que adquiri por meio aleatório na vida me foi de grande valor.

Atualmente o sedentarismo agarrou minhas pernas e não pretende soltá-las. O cansaço de viver, sentir, lutar, se tornou imprescindível para que eu não pudesse exportar ideias para o plano material. Pensar dói. Ai, cérebro doendo. Saudades de tempos prósperos. Férteis. Mas ouvi por aí que tempos de morangos hão de chegar. Esperança nasceu outra vez, veja o brilho dos meus olhos reacenderam uma lâmpada. A colheita passada não foi tão boa, os frutos acabaram há algum tempo, preciso fertilizar o solo. Desculpa, a pressa.

Pedro Igor Bento
Enviado por Pedro Igor Bento em 22/05/2010
Código do texto: T2273531
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