Sabores que não voltam mais
Ah, os velhos tempos! Como era bom comer uma fatia de pizza comprada na “Espaguetelândia”, por um cruzeiro, lá na Avenida Nossa Senhora de Copacabana. Nossa Senhora! Como era gostoso.
As primeiras pizzas feitas no Rio tinham um sabor que as de hoje não têm. Eram muito mais gostosas. E, o mais importante, não tinham nada a ver com os políticos atuais. Foi uma comparação de mau gosto, convenhamos.
Estou procurando aquele bom gosto, ainda não achei. Meu tio Cássio está buscando em todas as sorveterias o gostinho do sorvete de creme que ele tomou quando menino, já diferente do creme que eu saboreei, uma geração após, mas que continuou excelente.
O gosto do feijão preto que comi, ainda garoto, em São Paulo, também nunca mais encontrei. Que desgosto! A criação do mundo estaria justificada por esses três sabores, que ainda sinto na boca. O sorvete de creme, a pizza e o feijão , o preto! Seria o céu pra mim!
Que foi? Está estranhando? Você, poeta, também não sente sabor na sua poesia sonhadora e abstrata? Eu, pelo menos, na minha prosa poética, sinto o sabor concreto, bem no meu céu da boca!