[Contra o Tempo]
[por que, afinal, é preciso sorrir!]
Ihh... tarde da noite, e essa danada de champagne não abre, parece que a maldita rolha soldou-se ao gargalo! Contrariedade...
Mas eu não sou propriamente um bugre tropical puro... descendo de engenhosos italianos, aprendi sobre máquinas, motores, e eletricidade com meu tio "Ôncio", e a esta hora da madrugada, eu à beira da morte - a vida não vale nada! - quero e vou beber champagne sem ter de quebrar a garrafa - eu não sou francês, e não tenho um sabre!
Pois bem... o que faria meu tio italiano? Já morreu, e não pode responder-me; olho a minha caixa de ferramentas... huummm... Ahá! Eis o alicate de bomba-d'água - ajusto a medida, uma mordida firme, mas suave (O Che Guevara tinha razão!) na maldita rolha emperrada pela pressão... giro lenta e cuidadosamente, e pronto - tenho a minha champagne! Sem perder uma gota!
A poiesis - La poiésis, action de faire en fonction d'un savoir - é tudo, tudo na vida de um homem sedento de champagne, diante de uma garrafa com uma rolha renitente! Vale qualquer coisa para lutar a perdida batalha contra o Tempo!
[Penas do Desterro, 20 de maio de 2010]