[Contra o Tempo]

[por que, afinal, é preciso sorrir!]

Ihh... tarde da noite, e essa danada de champagne não abre, parece que a maldita rolha soldou-se ao gargalo! Contrariedade...

Mas eu não sou propriamente um bugre tropical puro... descendo de engenhosos italianos, aprendi sobre máquinas, motores, e eletricidade com meu tio "Ôncio", e a esta hora da madrugada, eu à beira da morte - a vida não vale nada! - quero e vou beber champagne sem ter de quebrar a garrafa - eu não sou francês, e não tenho um sabre!

Pois bem... o que faria meu tio italiano? Já morreu, e não pode responder-me; olho a minha caixa de ferramentas... huummm... Ahá! Eis o alicate de bomba-d'água - ajusto a medida, uma mordida firme, mas suave (O Che Guevara tinha razão!) na maldita rolha emperrada pela pressão... giro lenta e cuidadosamente, e pronto - tenho a minha champagne! Sem perder uma gota!

A poiesis - La poiésis, action de faire en fonction d'un savoir - é tudo, tudo na vida de um homem sedento de champagne, diante de uma garrafa com uma rolha renitente! Vale qualquer coisa para lutar a perdida batalha contra o Tempo!

[Penas do Desterro, 20 de maio de 2010]

Carlos Rodolfo Stopa
Enviado por Carlos Rodolfo Stopa em 20/05/2010
Reeditado em 10/04/2012
Código do texto: T2267905
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